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Eis que estamos chegando ao final de um ano atípico que nem os que já acumulam décadas vividas tinham experimentado algo parecido. Outras pandemias aconteceram, a Aids a última delas, nenhuma resultou em tamanhos efeitos universalizados e na necessidade de confinar as populações de forma tão radical e por tão longos períodos.
A soma de moléstia que se transmite rapidamente pelo contato humano, com o desconhecimento inicial de suas características, mais a comoção em tempo de redes sociais e mídias muito atuantes e ainda reações tão conflitantes de governos e segmentos socais, resultou num impacto sem precedentes sobre indivíduos e coletividades.
E assim 2020 vai se encerrando com um saldo de quase oitenta milhões de pessoas adoecidas pela Covid-19 e mais de um milhão e 600 mil óbitos a lamentar. Somam-se ainda levas de humanos atingidos por problemas psicológicos em razão das restrições ao contato e ao convívio, multidões de profissionais da saúde exauridos na rotina trepidante das unidades de tratamento intensivo, segmentos econômicos mutilados, educandos atrasados na sua rotina escolar, famílias cindidas e apartadas e outras tantas graves consequências.
Sinto que as pessoas aguardam por um dia seguinte. Como no final de uma guerra e no qual se festeje a paz, dançando e cantando pelas ruas e praças. Parece que com a pandemia não haverá a magia do dia seguinte. Ela irá minguando vagarosamente à medida que avançar a vacinação em massa. O alcançar de algum tipo de normalidade será também paulatino. Por enquanto estamos ainda no topo dos casos com a morbidade um tanto condicionada pelo aprendizado dos agentes de saúde na linha de frente dos tratamentos. E com muito mais perguntas do que respostas, ainda com mais dúvidas do que certezas.
Será que aqueles que desejam celebrar um "réveillon" de 2020 para 2021 poderão fazê-lo na passagem do sábado de aleluia para o domingo pascal? Ou nem lá poderemos dizer que enfim adentramos no novo ano livres da pandemia?
Todavia, há quem consulte técnicas astrológicas ou saberes esotéricos e refira que a sonhada "Era de Aquário" começou esta semana quando do espetáculo visual oferecido pela conjunção de Júpiter e Saturno que em rara aproximação pareceram formar algo como a bíblica Estrela de Belém logo ao anoitecer para deleite de nosso olhar angustiado. Há décadas o movimento hippie e outras culturas alternativas cantavam essa futura Era como a da solidariedade, do espírito coletivo, da busca da identidade planetária e da aldeia global. Claro, com seus ônus e bônus, aspectos positivos e negativos, como todas as fases históricas ou coisas humanas. E como em todo o parto natural, com as contrações e dores para ser parida.
Seria a pandemia do Covid-19 a chave do umbral da Era de Aquário? E mergulhamos nela sofrendo a transição e as perdas para nos maravilharmos e assombrarmos com um novo tempo e seus desafios?